Coisas antigas vistas sob novas luzes podem ser surpreendentes. E eu não estou falando de mobília.
De vez em quando a gente é forçado a ver tudo sob uma luz nova, um ângulo novo. E ângulos novos, pelo menos até onde eu sei, requerem uma boa quantidade de contorsionismo.
Eu admito que não gosto de mudanças. Eu gosto de estar sempre certa. E pessoas sempre certas não deveriam ter que rever nada. Obviamente.
Mas o ângulo novo está aí. Eu odeio esse ângulo novo. É chato, ruim, desconfortável e por enquanto parece impraticável.
Mas eu já mudei de ângulo antes. E cá estou. Cada vez mais forte. Cada vez mais flexível. Cada vez vendo mais coisas impensadas nas novas luzes.
Vai saber. Daqui a pouco eu vou ser quase uma barata. Virtualmente indestrutível.
Isso me veio a cabeça numa enxurrada hoje. Tudo por causa de uma música que uma amiga cantou ontem...
Eu sei que demorou um pouquinho, mas afinal eu disse que era uma barata, não o papa-léguas.
Blues da Piedade
Composição: Roberto Frejat/Cazuza
Que vagam pelo mundo derrotados
Pra essas sementes mal plantadas
Que já nascem com cara de abortadas
Pras pessoas de alma bem pequena
Remoendo pequenos problemas
Querendo sempre aquilo que não têm
Pra quem vê a luz
Mas não ilumina suas minicertezas
Vive contando dinheiro
E não muda quando é lua cheia
Pra quem não sabe amar
Fica esperando
Alguém que caiba no seu sonho
Como varizes que vão aumentando
Como insetos em volta da lâmpada
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Pra essa gente careta e covarde
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Lhes dê grandeza e um pouco de coragem
Quero cantar só para as pessoas fracas
Que tão no mundo e perderam a viagem
Quero cantar o blues
Com o pastor e o bumbo na praça
Vamos pedir piedade
Pois há um incêndio sob a chuva rala
Somos iguais em desgraça
Vamos cantar o blues da piedade
Senhor, piedade
Pra essa gente careta e covarde
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Lhes dê grandeza e um pouco de coragem
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